PRIMAVERA ÁRABE,
VERÃO TURCO E INVERNO BRASILEIRO
Os terrenos de guerrilha surgem sem cerimônia, sem
medo de criar felicidade, de ser feliz. São os campos de batalha democrática
quando governos eleitos pelo povo não atingem, por muito tempo, a justiça do
bem estar geral.
O redespertar
de protestos de rua nos últimos quatro
anos em todo o mundo houve como protagonista a primavera árabe contra a tirania
de alguns governos e os indignados, como
chamam os europeus, esses que têm ido às
ruas protestando contra os mandos e desmandos de uma outra tirania, aquela
provocada pela econômia que tem sido
incapaz de manter crescimento e desenvolvê-la além do decadente objetivo de
grandes lucros.
Os protestos na Turquia e, na mesma semana, no Brasil,
com a brutalidade policial de ambos os países no seu confronto às populações
alçadas em sã demonstração de protesto
contra poderes autoritários e irresponsáveis no trato de suas obrigações como
educação, saúde e planejamento urbano de qualidade, demonstram o quanto, em
geral, ainda somos uma sociedade dominada por falsas ideias de bem estar social,
ordem pública e ainda mal gerida no
sentido de saber lidar com o pensamento discordante em busca de consenso e
civilidade.
A crise na Síria, por sua vez, assume cada dia
dimensões tristes, trágicas, traumáticas. Está sendo afirmada aqui também a incapacidade
da ONU em buscar consenso entre as partes com o objetivo de garantir os
direitos humanos. Assumir os processos de transição sem uso de força não é
coisa que entende ou pretende o governo Sírio, ao menos é o que o mundo pode
perceber até o momento. Milhões de pessoas agora passam fome, crianças estão sem
teto, mulheres com seus filhos, para sobreviverem ao massacre, fogem para as
fronteiras que, diga-se, nem essas estão salvaguardadas neste inferno que se tornou
a Síria com as guerras internas.
Enfim, a
catástrofe humsunitária na Síria deixa um ponto de reflexão básico para os
governos do mundo contemporâneo: o tal quarto poder, como costuma ser chamado a
força da TV, da imprensa escrita já não se garante como fonte informativa,
excessão as mídias progressistas, alternativas. A imprensa, sabemos é fonte de
publicidade manipulativa. As redes sociais da internet que poderiam ser uma
força motriz no que tange aquelas causas incontestavelmente justas da liberdade
de expressão, não violência, igualdade, começam a ser utilizadas também para
manipular opiniões, com notícias falsas, as fake news.
Vivemos, porém, o renascimento de conceitos muito
caros aos despertos de todas os tempos? Liberdade, igualdade e fraternidade.
Obs.: O G8 que outra vez se reuniu esta semana para o
seu bla bla bla e bla habitual sem graça de clubinho decadente me estafa e nos
enfada pelas horas de serviço e dinheiro público gastos para que os delírios de suas potências (?) sejam assinalados
para o mundo.
Quando a
Realidade Imita a Ficção
(Crônica publicada no Jornal TRIBUNA DA
IMPRENSA em 2001)
Eis aqui uma
boa imagem do que vem ocorrendo com a humanidade: “Os terráqueos que podem
pensar estão se assustando com aqueles que não podem pensar”. Eu acrescentaria:
os que podem pensar estão se assustando com os que deixaram de pensar. Eles
podem, mas não querem, pois auto-asilaram seu pensamento em troca de poder,
grana, sofrem com uma doençaconhecida como vaidade de baixo nível.
A frase
destacada acima é do filme Plano 9 do Espaço Exterior, do cineasta Ed Wood,
considerado o pior cineasta de todos os tempos, e se refere aos mortos de um
cemitério que são acionados por alienígenas, extraterrestres. Em outra passagem
da película um oficial americano diz, indignado, que os alienígenas atacaram uma
pequena cidade, porém repleta de seres humanos. Realmente há um abismo que separa esse militar
(personagem do filme) dos atuais oficiais protagonistas que atuaram no episódio
(real) dantesco e intervencionista da OTAM na Iugoslávia, quando atacaram
inocentes civis, tendo alardeado antes que lá estavam para protegê-los. Uma
gente já aterrorizada pelo sangue da guerra e da perseguição étnica. Crianças,
idosos, famílias inteiras separadas, mortas, traumatizadas pelo destempero de
duas facções loucas e desumanas, OTAM/ Milosevich .
No filme, os
alienígenas mandam uma mensagem que resumidamente parafraseio assim: apesar de
não aprovarem alguns dos nossos métodos, estamos aqui para o bem da humanidade.
Parece mesmo que neste ponto do discurso a realidade imitou a ficção. Temos que
dar parabéns ao Ed Wood, afinal este seu trabalho segue uma certa tradição da
ficção científica: dentro de poucos anos ela se torna realidade.
Claro, para
nossa época o filme parece uma comédia, mas a ideia do diretor foi fazer um
filme de terror. Um terror também são os efeitos especiais do filme ou, por
exemplo, o diálogo entre um oficial e sua esposa. Ele, convocado para uma
missão, se despede. Ela diz algo assim: “dormirei agarrada ao seu travesseiro e
assim não sentirei tanta falta”, ao que o esposo responde, com muita
propriedade e um largo sorriso condescendente: “Tolinha”.
Deixando de
lado esses apontamentos de ordem técnica e de mentalidade, entre outros,
podemos afirmar que o tema e o tom de terror que a ficção apresentou, se
realizou e se realizará toda vez que for vantajoso para os EUA.
Por que será
que “pelo bem da humanidade”, não se busca a paz e o fim da miséria na África?
Por que não se investe o mesmo montante destinado à indústria bélica à
finalidade de eliminar a fome nos países mais pobres?
A diplomacia e
a fraternidade devem e hão de crescer como a grande conquista da humanidade sem
a qual não passaremos de escravos de um lado e selvagens do outro. Interesses
comerciais e de dominação não podem reger um mundo que adentra o terceiro
milênio. Num mundo qu esse quer avançado, evoluido pensar e reagir é preciso e
urgente, mesmo que seja navegando na Internet.
Essa crônica
publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa, um ano antes do ataque
das torres gêmeas nos EUA que deu origem a outros ataques, invasões e
mortandades pelo mundo a fora com a desculpa de estarem protegendo o mundo, de
estarem contra o mal. Essa crônica meio
comentário sobre cinema, meio crítica política vem mais uma vez mostrar que
também nesse sentido, às vezes, um simples texto remete a algo que ainda será
repetido, tantas e tantas vezes: a estupidez humana. (20/06/2013)
Obs. Segunda tiragem:
Essa crônica relida hoje, dezembro de 2022, nos indica que a obserção feita na
primeira edição e tiragem estava correta como previsão. Muito ocorreu nesses 10
anos pelos diversos tentáculos da tirania no Brasil e no mundo. A democracia em
atacada ferozmente por todo de movimento cujas influências advêm de grandes
grupos mundiais neonazifascistas. Entradas e saídas vergonhosas dos imperialistas
de países que ajudaram adestruir em nome do “’e para o seu bem”. Só fazendo
piada, chages, usar o humor para não sentar e chorar diante dessa falácia. Veio
a pamdemia no fim de 2019 que ainda vige. A invasão da Rússia à Ucrânia que,
diga-se, tem um governo cuja intenção, pós tomada da Criméia pelos Russos em
2014, é proteger suas fornteiras com o apoio da OTAM, leia-se EUA, indica que a
história imperialista continua, de um lado ou outro. Democracia e justiça
social ainda não é o mote do novo humano que tantos falam e eu também em meu
livro Transição Planetária – o novo humano, de 2018. A autora.
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